23 de dezembro de 2024
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Vestimentas coloridas, música, passos marcados e muita emoção, na abertura do Concurso de Quadrilhas, que iniciou hoje, 11, e segue até o dia 14, no Complexo Cultural Gonzagão, em Aracaju. A final será realizada dia 17 de junho. Hoje passaram pelo palco as quadrilhas: Rala Rala; Poeirinha do Sertão; Xodó da Vila; Flor do Sertão; Meu Sertão; Pioneiros da Roça. As duas vencedoras da noite foram ‘Meu Sertão’ e ‘Xodó da Vila’.

O evento promovido pelo Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap), promete dias de muita beleza e tradição. A quadrilha tem origem nos bailes franceses do século XVIII e foi trazida para o Brasil pelos portugueses. Aqui, as quadrilhas receberam ao longo do tempo influências de ritmos nordestinos, indígenas e africanos.

Dentre as opções de programações oferecidas pelo Governo do Estado tem quadrilha e tem forró. Durante esses dias de festa tem o Arraiá do Povo até dia 1º de julho. A Segundona do Turista na rua de São João, até o final do ano. Já este final de semana teve o Arrastapé do 18, além do Concurso de Quadrilhas Arranca Unha.

Durante o concurso, 23 quadrilhas irão se apresentar e disputar o título de campeã e o prêmio de R$ 8 mil. A assessora da diretoria de Cultura da Funcap, Grazzi Coutinho, explicou que há chaves de cinco e seis quadrilhas e todas as noites saem duas vitoriosas. “Elas têm 15 minutos para testar o som e 30 minutos para se apresentarem e cinco jurados fazem a avaliação”. Todas as noites a estimativa de público é de 500 pessoas e para manter tudo organizado aproximadamente 60 pessoas trabalham para realizar o evento. Tem quadrilhas de várias cidades sergipanas: Aracaju, Laranjeiras, Maruim, Indiaroba, Umbaúba, Riachuelo, entre outras. “Sergipe é rico em tradição, então é de suma importância manter nossas tradições vivas”, disse Grazzi.

No Gonzagão, centenas de pessoas foram assistir as belezas das apresentações, boa parte para torcer por sua quadrilha do coração, como é o caso da berçarista, Jéssica da Silva Bispo, que saiu do bairro Santa Maria, com os dois filhos, para torcer pela quadrilha ‘Xodó da Vila’, por um motivo especial, o esposo é quadrilheiro.

“Há oito anos frequento o concurso daqui, não perco nenhum dia, pois venho assistir meu marido e colegas de outras quadrilhas”. Jéssica acredita que os concursos valorizam grupos de quadrilheiros “eventos desse tipo não deixam a tradição morrer, em casa eu e meu esposo estimulamos nossos filhos a dançarem, dessa forma ajudamos a manter o costume dessa cultura viva, pois nossas crianças já participam de apresentações juninas”.

A atendente Yasmin Daniele está mais uma vez no Gonzagão para assistir a irmã dançar na ‘Pioneiros da Roça’, para relembrar o período que também era quadrilheira e reforçar a tradição na família. “Hoje meu filho dança em uma quadrilha mirim do bairro que residimos, Inácio Barbosa, eu já dancei e agora assisto minha irmã. Quadrilha é uma representação do nosso Nordeste, uma emoção forte. Quando a gente vê a dança, ouve a sanfona, a zabumba temos a certeza de que não podemos deixar isso morrer, por isso estava no Arranca Unha e hoje estou aqui”.

O operador de estação e quadrilheiro, Marcos Alexandre, dança na quadrilha Rala Rala desde 2005. O grupo da cidade de Maruim, tem 84 componentes, esse ano trouxe um tema que deixa a reflexão sobre a escravidão e o racismo.

“Iniciamos o trabalho em agosto de 2022, com o início da pesquisa sobre a temática, nosso objetivo é sempre deixar uma mensagem forte, por isso para esse ano escolhemos o tema que trata da escravidão, do racismo, nós de pele preta precisamos sim buscar nosso espaço e mostrar que antes existia os feitores usando o chicote, hoje existem as armas que sempre atingem o povo negro”, evidenciou.

A coordenadora da quadrilha ‘Meu Sertão’, Maria Vaneide dos Santos, relatou que esse mês o grupo chega a fazer 25 apresentações “estou na quadrilha há 30 anos e cada apresentação é única, fico sempre emocionada, porque é muita luta para chegar até aqui com tudo organizado”. O grupo já tem 33 anos de existência e mantém a tradição dessa expressão cultural como xote, baião, xaxado e o casamento. “Esse ano nosso tema é “Maria, a força das mulheres”, uma homenagem às mulheres, elas representam as flores e os homens vendedores de flores”, enfatizou.

O administrador Cristiano Dias, marcador da quadrilha junina ‘Pioneiros da Roça’, fundada no bairro Cirurgia, explica que o grupo já conta com 42 anos de tradição. Uma quadrilha que acumula títulos, dentre eles o primeiro lugar no Complexo Cultural Gonzagão e pentacampeã do concurso ‘Levanta Poeira’, entre outros. “Para tantos títulos há esforço, iniciamos os ensaios em janeiro deste ano, são apresentações diárias, dormimos pouco, comemos muitas vezes de forma errada, ano passado perdi 11 quilos”, relembrou.

Cristiano elogia o incentivo do Governo do Estado: “o que estamos vivendo esse ano é algo inédito. São mais de R$ 40 mil em premiação, fato que nunca chegou a esse valor nos dois concursos promovidos pelo governo na capital, tem premiação até o oitavo lugar. É a valorização das quadrilhas através das competições”, observou. A ‘Pioneiros da Roça’ esse ano homenageia a árvore Cumaru, nativa da Amazônia, que está em processo de extinção. “Vamos tratar do desmatamento e reflorestamento, a fim de conscientizar todas as pessoas que nos assistem”, frisou o marcador.

A comerciante Márcia Maria de Santos Souza participa dos eventos desde que o Complexo Cultural Gonzagão inaugurou, em 1990. Ela vende vários produtos: bebidas, pizza, batata frita, sanduíches, cachorro quente, churrasquinho. Para dar conta do atendimento tem uma equipe de seis pessoas. “Hoje avalio como uma noite boa de movimento e a tendência é melhorar, porque as quadrilhas trazem suas torcidas e é a hora da gente faturar um dinheirinho”.

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