Técnicos da Administração Estadual de Meio Ambiente (Adema) estiveram no município de Canindé de São Francisco na última quarta-feira, 14, para mais uma etapa de vistorias na localidade onde será instalada uma Usina Solar Fotovoltaica (UFV), que será a maior do Brasil e segunda da América Latina. A equipe multidisciplinar, que compreende profissionais da Engenharia Florestal e Civil, Geologia, Biologia, Arqueologia, Geografia, Economia e Química, percorreu o local e analisou as condições, em consonância com o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), para a emissão de Licença Prévia do empreendimento.

O parque solar será construído em uma área de aproximadamente 3,2 mil hectares na Fazenda Santa Fé, Povoado Canabrava, porção Noroeste de Canindé. Abrangendo 22 fazendas, a UFV abrigará uma capacidade instalada de 1.200.00 KW. A estimativa é que, quando em operação, o Parque Fotovoltaico Canindé de São Francisco produza energia suficiente para suprir a demanda de 1.350.000 residências brasileiras, fazendo com que a matriz energética nacional deixe de gerar cerca de 289 mil toneladas de gás carbônico por ano. Prevista para acontecer em quatro etapas, a execução do projeto deve ser concluída em 2030, com a instalação de cerca de 2.280.000 placas solares que produzirão energia, enviando para o Sistema Interligado Nacional (SIN).

De acordo com a diretora-presidente da Adema, Lucimara Passos, o empreendimento tem grande relevância para a economia do estado e para o desenvolvimento regional. “Sergipe está tendo a oportunidade de receber um grande empreendimento que será propulsor da economia, gerando emprego e renda, ao mesmo tempo em que produz energia renovável. A Adema está atuando dentro das suas competências para assegurar que isso ocorra dentro das normas ambientais, com equilíbrio entre o desenvolvimento e a proteção ao meio ambiente”, afirmou.

Durante a vistoria de campo cada técnico, dentro da sua atribuição, analisa as condições gerais do terreno, vegetação, fauna, questões geológicas e recursos hídricos, entre outros pontos importantes. Após a visita técnica, a Adema dá sequência às análises por meio do EIA/RIMA e, em seguida, inicia a etapa da audiência pública, que acontecerá em 28 de julho, em Canindé de São Francisco, quando a sociedade civil pode opinar sobre o projeto.

Concluída a audiência pública, que também servirá de parâmetro para análise da Adema, inicia-se a construção do Relatório de Análise Ambiental final pela Adema, para a futura Licença Prévia, segundo detalhou a coordenadora técnica da equipe multidisciplinar, Ismeralda Barreto. “A licença prévia pressupõe que a área do projeto está avaliada e aprovada para emissão desse documento e continuidade do processo, que contempla também a licença de instalação, que vai acontecer em outro momento com novos documentos, além da licença de operação”, disse ela.

Análise técnica

A inspeção de campo proporcionou aos técnicos uma visão geral da área reservada para a instalação do parque solar e possibilitou análises iniciais para a construção do relatório. O processo contou ainda com o apoio de um drone, equipamento capaz de capturar imagens de alta resolução espacial georreferenciadas, além de realizar mapeamento aéreo de florestas, inclusive as de difícil acesso, e de reservas aquáticas, fornecendo imagens de alta qualidade em curto período de voo.

Do ponto de vista da vegetação, a engenheira florestal Aline Moura falou da importância da vistoria e elencou alguns pontos visualizados na ação. “Nosso papel nesse quesito é avaliar a vegetação existente no local, para ver se ela é passível ou não de supressão e, nesse contexto, identificar as áreas de preservação permanente, as áreas de reserva legal que existem naquela propriedade, se existem corredores ecológicos, o impacto que isso vai gerar sobre a flora, etc. É necessário analisar todos os aspectos da vegetação que existe no local, tendo em vista que o bioma caatinga é extremamente importante e, por essa razão, é preciso identificar todas as particularidades”, explicou.

Outra técnica que participou da vistoria foi a bióloga Harionela Macedo. “A partir desse trabalho, a gente analisa o meio biótico, com o objetivo de estudar a forma que seria a realocação dos animais, quais espécies têm incidência na região e, em seguida, começar as tratativas”, frisou ela, destacando que a análise ocorreu como o esperado.

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